Norte Pioneiro cresce abaixo da média do PR

O Centro Ocidental, que abriga cidades como Campo Mourão e Engenheiro Beltrão, e o Noroeste, de Paranavaí e Cianorte, são as duas mesorregiões paranaenses que mais se beneficiaram da interiorização do desenvolvimento econômico que o Estado vem vivenciando nos últimos anos. De 2010 a 2013, a participação da primeira no Produto Interno Bruto (PIB) estadual cresceu 11%. E a da segunda aumentou 10%.

Na outra ponta, o Centro Oriental, de Ponta Grossa, e o Norte Pioneiro, de Cornélio Procópio, foram as que aproveitaram menos esse processo, com um aumento de participação de cerca de 3%. Somente a Região Metropolitana de Curitiba (RMC), entre as dez mesorregiões, teve queda de participação no PIB no período (-7,28%). Os cálculos foram feitos pela reportagem com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou o indicador referente a 2013 na semana passada.
Apesar do crescimento do interior, o PIB da RMC (R$ 145,6 bilhões) ainda representava 43% do total paranaense (R$ 332,8 bilhões). O do Norte Central era o segundo maior, R$ 58,2 bilhões, ou 17,5% do total. Com R$ 39,4 bilhões (11,8%), o Oeste era a terceira mesorregião mais rica.
Das 39 microrregiões, somente seis perderam participação: Cerro Azul (-10,4%) e Curitiba (-8%), na RMC, União da Vitória (-5,3%), no Sudeste, Jaguariaíva (-3,2%) e Telêmaco Borba (-3,23%), no Centro Oriental, e Ibaiti (-1,2%), no Norte Pioneiro. Wenceslau Braz, também no Norte Pioneiro, manteve a mesma participação.
O PIB per capita do Norte Pioneiro, de R$ 18.420, era o menor em 2013, segundo o IBGE. E dentro da mesorregião, a microrregião de Ibaiti era a mais pobre, com uma média de R$ 13,8 mil. Curiúva e Sapopema, com PIBs per capita de R$ 10.850 e R$ 10.950, respectivamente, estão entre os 20 municípios mais pobres do Estado – no total são 399.
O economista e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Vanderlei Sereia, afirma que um dos problemas do Norte Pioneiro é a falta de homogeneidade no solo, o que prejudica a agricultura. “Há áreas com terras pouco férteis”, conta. A baixa qualidade do solo exige uma quantidade maior de insumos, o que aumenta o custo da produção, de acordo com ele. “A agricultura dessas áreas não consegue competir com a mesma força que as outras”, ressalta.
Sereia diz ainda que, no Norte Pioneiro, predomina a exploração familiar da agricultura. “São pequenas propriedades que têm pouco acesso a novas culturas”, afirma. Ele ressalva que há municípios que se desenvolvem com maior velocidade, como Cambará e Santo Antônio da Platina, pois estão conseguindo atrair investimentos. “Mas são situações isoladas”, declara. No caso de Sapopema, de acordo com o economista, a topografia é um agravante. “A declividade não permite produção extensiva”, explica.
Assim como Sereia, o economista Francisco José Gouveia de Castro, diretor do Centro Estadual de Estatísticas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), afirma que algumas cidades, como Jacarezinho e Siqueira Campos, estão conseguindo atrair indústrias. Para ele, falta ao Norte Pioneiro cidades polos maiores, o que ajudaria a alavancar a economia.
Castro acredita que a mesorregião pode se beneficiar do crescimento da vizinha, a Centro Oriental, que ainda não aparece no PIB de 2013. A maior parte dos projetos aprovados no Programa Paraná Competitivo, do governo estadual, vai se instalar naquela região. “Isso deve favorecer o Norte Pioneiro”, afirma.
O economista considera a interiorização do crescimento econômico do Paraná um fato que, em grande parte, vem sendo possível graças à agroindústria. “O Estado tende a ser cada vez menos desigual”, declara. (Texto: Nelson Bortolin/FL)

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